DOC 192 - CARTA ENCÍCLICA - SPE SALVI - DO SUMO PONTÍFICE BENTO XVI
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  • Ref.: 9788535621761
A segunda encíclica de Bento XVI versa sobre o tema da esperança. Na primeira encíclica havia discorrido sobre o amor, cuja natureza profunda procurou esclarecer a partir da experiência humana do amor erótico e de comunhão.

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A segunda encíclica de Bento XVI versa sobre o tema da esperança. Na primeira encíclica havia discorrido sobre o amor, cuja natureza profunda procurou esclarecer a partir da experiência humana do amor erótico e de comunhão. O amor é a terceira virtude teologal no vocabulário cristão, embora seja também um dos nomes divinos e, em particular, da terceira pessoa divina, o Espírito Santo. Continuaria o papa a analisar, agora, a segunda virtude teologal?

Não se pode dizer que não, pois toda a primeira parte da encíclica é consagrada a sublinhar a íntima correlação entre a fé, primeira virtude teologal, e a esperança, que é a segunda. Mas esta consideração preliminar é simplesmente um ponto de partida. A perspectiva em que se coloca Bento XVI é muito mais ampla. Acompanhando o Novo Testamento, o papa elabora um conceito, digamos assim, antropológico e amplo de esperança, fonte de todo o dinamismo humano, pessoal e social. Existimos e agimos porque esperamos. Sem esperança nossa vida perderia sentido.

O que caracteriza os cristãos é a nossa esperança. Esperamos tudo de Deus. Esperamos Deus de Deus: a vida eterna. Depois de mostrar que não se trata de viver numa ótica individualista, pois esperar Deus de Deus é esperar em conjunto com todas as criaturas, em particular com todos os humanos, Bento XVI coloca a grande questão: o que é que podemos esperar? Considerando que a idéia moderna de progresso tornou aparentemente irrelevante a esperança cristã, sublinha a importância de "aprendermos de novo", como cristãos, a fazer ver ao mundo de hoje o que é realmente nossa esperança, o que significa esperar a vida eterna, perspectiva que sustenta e dinamiza toda vida e lhe dá inteira e totalmente sentido.

Bento XVI desenvolve, então, uma reflexão sapiente e bem ilustrada sobre a esperança cristã no contexto do mundo moderno e analisa as deficiências das respostas que vêm sendo dadas a todas as grandes aspirações humanas, radicadas na verdade, no desejo de Deus, inscrito no coração humano. Assume depois um tom pastoral, aponta com sutileza as esferas da vida em que se nutre a esperança cristã: a oração, a luta cotidiana e, em particular, o sofrimento; finalmente a sede de justiça, que sustenta a esperança e só é satisfeita quando temos a certeza, em Deus, de que acabará prevalecendo para sempre.

Em continuidade com a Bíblia e com o que sempre caracterizou a seriedade do cristianismo através dos séculos, a esperança cristã é fonte de alegria sem fim, mas, igualmente, suporte de nossa luta pelo bem e pela justiça e garantia da seriedade da vida humana.

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